A Batalha de Yser - 16/10/1914 a
30/10/1914
Depois
do cerco a Antuérpia, parte do exército que defendia a cidade retirou em
direcção à fronteira franco-belga junto ao canto noroeste do país, tendo
o rei Alberto I decidido fazer aí o seu reduto final protegidos pelos
canais e o rio Yser.
A sul
da posição belga os alemães tentavam a abrir caminho em direcção aos
portos franceses do Canal da Mancha, Calais e Dunkerque. Estas manobras
e sucessivos combates entre os beligerantes ficaram conhecidas como a
Corrida para o Mar, culminando em simultâneo com a Batalha de Yser e
a Batalha de Ypres, e com o estabelecimento da linha de trincheiras que
delinearia a frente ocidental.
Em Yser
o rei Alberto I colocou todo o seu exército na frente de combate. Sem
reservas, extenuados e já com poucas munições depois de dois meses de
consecutivas retiradas, o dia 16 de Outubro foi o momento do tudo ou
nada.
A 16 de
Outubro começaram os primeiros combates na cidade de Diksmuide. Esta era
defendida por fuzileiros franceses e artilharia belga.
A 17 de
Outubro as forças alemãs estacionadas em Bruges e em Ostend
deslocaram-se para sul em direcção ao rio Yser, para atacar a frente
entre Nieuwpoort to Ypres. Entretanto os franceses reforçaram a frente
belga com 6.000 fuzileiros navais e uma divisão de infantaria. Do mar
também chegou o auxílio do Almirante Hood, da Royal Navy, que com uma
força de três monitores, HMS Severn, HMS Humber e HMS Mersey,
bombardearam o exército alemão em Lombardsijde a 18 de Outubro.
A 18 de
Outubro a ofensiva alemã começou. Inicialmente conseguiu esmagar a
primeira linha de defesa ocupada pelos belgas, franceses e britânicos,
entre Nieuwpoort até Arras (França). Com esta ofensiva os alemães tinham
a intenção de derrotar definitivamente os belgas, empurrar os franceses
e privar definitivamente aos britânicos o acesso aos portos de Calais,
Boulogne e Dunquerque.
A 21 de
Outubro, depois de quatro longos dias de combate, os alemães conseguiram
fazer recuar os aliados até às margens do rio Yser e, ainda, estabelecer
uma pequena testa-de-ponte na margem esquerda do rio Yser.
A 23 de
Outubro os belgas destruíram a última ponte sobre o rio Yser. A cidade
de Diksmuide mantinha-se nas mãos dos aliados, apesar das repetidas
ofensivas alemãs e bombardeamentos sobre a cidade.
Por
esta data, o comando militar francês planeou inundar grande parte do seu
território como medida defensiva, mas isto iria colocar o exército belga
numa posição muito difícil, apanhados entre as inundações francesas e as
forças alemãs, teriam de abandonar um último espaço de território belga
não ocupado. O plano francês foi abandonado uma vez que o exército belga
tinha a intenção de inundar a área à sua frente, entre o rio Yser e os
seus canais.
A 25 de
Outubro a pressão sobre a frente belga era tão forte que levou à decisão
de inundar toda a frente belga. Depois de uma experiência falhada em 21
de Outubro, conseguiram abrir as comportas em Nieuwpoort durante as
marés cheias entre 26 e 29 de Outubro, o que provocou um progressivo
elevar da linha de água acabando por inundar toda a região. Dois homens
ficaram como heróis nacionais, Karel Cogge e Hendrik Geeraerts, por
terem tido um papel decisivo no processo de inundação.
A 29 de Outubro a cidade de Diksmuide foi finalmente conquistada pelos
alemães, que planearam logo para o dia seguinte um novo ataque por esta
brecha aberta na linha belga.
A 30 de Outubro os alemães conseguiram chegar a segunda linha de defesa
belga, mas foram parados por um contra-ataque conjunto de forças belgas
e francesas e pela inundação que lhes cortou a ligação com a retaguarda.
Acabaram por desistir do ataque ficando a frente estabilizada até 1918.
A importância histórica da Batalha de Yser encontra-se em duas razões,
primeiro porque os alemães não conseguiram derrotar o exército belga e
segundo não conseguiram conquistar toda a Bélgica. Esta batalha
contribuiu par se estabilizar a frente ocidental, terminando com a
Corrida para o Mar.
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