O Cerco de Antuérpia - 07/09/1914 a
09/10/1914
A cidade encontrava-se protegida por um sistema defensivo, conhecido por
"Réduit National", composto por 21 fortalezas de construção moderna e de
betão armado que cercavam a cidade numa primeira linha entre 10 e 15km
do seu centro, por 6 fortalezas mais antigas numa segunda linha a cerca
de 5km do centro desta e, ainda, intercalando as fortalezas existia um
conjunto de pequenos redutos. Do lado do porto existiam duas fortalezas
e três batarias costeiras que defendiam o rio Escalda e ainda um pequeno
número de áreas inundadas que limitavam o acesso à cidade.
A 17 de Agosto, com a queda da praça de Liège, o governo belga por
questões de segurança foi forçado a sair da capital, Bruxelas, e passar
para Antuérpia. Este movimento estava programado no plano de defesa
nacional, já que a capital não possuía qualquer sistema defensivo
comparável com as praças-fortes de Liège, Namur ou Antuérpia.
Após ter sido dada a ordem de retirada do exército belga para Antuérpia,
a 20 de Agosto, o alto comando alemão apenas destacou um Corpo de
Infantaria, o 3º Corpo de Reserva do 1 º Exército, para cobrir os
acessos sul da cidade de modo a garantir a defesa da linha de avanço
alemã junto ao rio Meuse.
O exército concentrado na zona fortificada de Antuérpia não só tinha o
objectivo de defender a cidade, como de dar apoio aos seus aliados
franceses e britânicos. Neste sentido o exército belga conduziu dois
ataques fora da zona fortificada com o objectivo de forçar os alemães a
destacar mais tropas para a zona de Antuérpia, retirando-as da Batalha
do Marne.
O primeiro ataque deu-se nos dias 25 e 26 de Agosto, quando se deu a
queda da praça de Namur, e o segundo ataque entre 9 e 13 de Setembro,
quando da queda da praça de Maubeuge (França). Ambos os ataques tiveram
o êxito esperado, quando conseguiram ameaçar as linhas de comunicação e
de abastecimento das topas alemães e obrigaram o exército alemão a
desviar efectivos da linha da frente para o cerco a Antuérpia.
Entretanto o exército alemão recebeu 7 de Setembro a ordem para lançar o
ataque contra Antuérpia, data em que as unidades de artilharia pesada
ficaram disponíveis, após terminarem o cerco das fortalezas de Maubeuge.
A cidade de Maubeuge capitulou no dia seguinte.
Quando a artilharia pesada alemã lançou o seu primeiro bombardeamento, a
28 de Setembro, foi evidente que mais uma vez as defesas belgas não
iriam ser incapazes de resistir aos 420mm dos obuses alemães e aos 305mm
dos obuses austríacos.
Tal como já tinha acontecido em Liège, Namur e Maubeuge (França), as
fortificações não eram capazes de resistir aquela bataria de artilharia
pesada alemã, tornando-se evidente que o exército belga em Antuérpia
também não seria capaz de resistir muito tempo após a chegada esta. Por
outro lado o avanço das forças alemãs através da Bélgica e da França
estavam a ameaçar as comunicações com os franceses e com os portos de
Zeebrugge, Ostende e Nieuwpoort.
A 3 de Outubro chegou à cidade uma Brigada de Fuzileiros, da British
Royal Naval Division, que teve um efeito moral importante para os
defensores mas que não trouxe qualquer aumento da capacidade de
resistência aos ataques de artilharia alemães.
A 4 de Outubro a situação era evidentemente insustentável o que levou à
retirada do governo belga para Le Havre (França).
A 5 de Outubro o exército alemão conseguiu tomar a cidade de Lier, a
cerca de 20 Km a sudoeste de Antuérpia, e de seguida avançou em direcção
à cidade de Dendermonde nos arredores sul de Antuérpia, chegando a fazer
ainda uma tentativa para atravessar o rio Escalda neste mesmo dia. Com
este movimento de envolvimento o exército alemão começou a ameaçar
bloquear o lado oeste da cidade, que era a direcção que o exército belga
pretendia utilizar na sua retirada em direcção à Flandres. O flanco
oriental e o flanco meridional encontravam-se bloqueados por tropas
alemãs e o flanco norte bloqueado pela fronteira belga com a Holanda.
A 6 de Outubro o rei Alberto I ordenou ao exército a evacuação de
Antuérpia, tendo utilizado para fuga da cidade um caminho através do
flanco oeste, ao longo de uma série de pontes sobre o rio Escalda em
direcção à fronteira franco-belga.
A 8 de Outubro foi abandonada a última fortaleza activa de Antuérpia. Os
alemães entraram na cidade a 9 de Outubro, após terem verificado que as
posições defensivas belgas tinham sido abandonadas. Nem todas as tropas
conseguiram se dirigir para oeste em direcção à Flandres. Um número
substancial, incluindo a Divisão Naval britânica, tive de retirar para a
Holanda, que era um país neutro, acabando por aí serem internados cerca
de 30.000 soldados até ao resto da guerra. Neste dia o Tenente-general
belga Deguise apresentou a rendição incondicional das tropas de
guarnição que restavam na cidade e o prefeito de Antuérpia, Jan De Vos,
ofereceu a capitulação formal no dia seguinte, 10 de Outubro, terminado
oficialmente o Cerco de Antuérpia. A cidade permaneceu ocupada por
tropas alemãs até Novembro de 1918.
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