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Os Monumentos à Grande Guerra

Houve um esforço da República para transformar o esforço de perpetuar a memória de guerra numa base para a criação de uma identidade colectiva republicana unificadora, cívica e laica. Numa conjuntura económica muito difícil do pós guerra e de grande instabilidade política e social, a construção monumental  prolongou-se até à década de 40.


Cumprindo um ideal simbólico variou entre a construção de monumentos complexos até padrões simples. A Comissão dos Padrões da Grande Guerra (CPGG) protagonizou os fenómenos de maior sucesso na intenção do Governo Republicano na sagração da memória nacional.


No dia 3 de Dezembro de 1921 reuniram-se na Sala Nobre da Escola Militar, sob a presidência do General Gomes da Costa, alguns combatentes que formariam a base da origem da CPGG que durante quinze anos iria proceder ao levantamento dos Padrões da Grande Guerra.


A CPGG desenvolveu uma obra avaliada em 2.000 contos (1936); erigiu sete padrões no antigo sector português da Flandres e outros em Luanda, Lourenço Marques, Ponta Delgada e Santa Maria; promoveu as comemorações do 9 de Abril e do 11 de Novembro; organizou e administrou o Museu das Oferendas ao Soldado Desconhecido; lançou o culto cívico do Azeite Votivo; secundou a acção da Junta Patriótica do Norte com o incentivo à construção de monumentos concelhios e do monumento a Carvalho Araújo em Vila Real; e fez transladar os restos mortais do primeiro soldado morto na Flandres do Cemitério de Richebourg l'Avoué para a Barquinha.


Meios monetários e logísticos foram sendo conquistados, «por meio de uma intensa propaganda patriótica, em sessões solenes, conferências e festivais», com o apoio de comunidades portuguesas no estrangeiro, sobretudo a brasileira, e a aposição obrigatória do selo dos padrões da Grande Guerra. (03-12-1921 a 10-11-1936) CPGG - Comissão dos Padrões da Grande Guerra.

Mosteiro da Batalha -  Panteão do Soldado Desconhecido

Batalha - Mosteiro de Santa Maria da Vitória - Sala do Capítulo - Túmulo do Soldado Desconhecido

O centro do "Culto dos Mortos pela Pátria" encontra-se na Sala do Capítulo no Mosteiro da Batalha, onde em honra dos soldados mortos em combate, representado pelo Túmulo dos Soldado Desconhecido, se encontra uma guarda de honra permanentemente, assim como uma chama acesa, também conhecida como a "Chama da Pátria".


O local foi escolhido especificamente para produzir uma continuidade entre o passado e o presente colectivo nacional, procedendo a uma montagem mnemónica entre a vitória sobre Castela, nas campanhas de 1383-1385, onde Portugal conquistou a sua independência e o reconhecimentos internacional como Estado-nação após a vitória na Grande Guerra.


Mas a consagração dos mortos e a perpetuação da sua memória, extravasa a necessidade política, afirmando-se como uma resposta às perdas humanas e ao efeito na sociedade, no contexto social e cultural do pós-guerra.


O "Mito da Experiência de Guerra" e o “Culto aos Mortos”, assumiram destaque desde o início da guerra e tiveram o seu expoente na consagração do Soldado Desconhecido.

No estrangeiro foi criado um cemitério militar nacional, à imagem do que estava a ser feito noutros países aliados, regulamentado pela Comissão Portuguesa das Sepulturas de Guerra, entidade também responsável pela identificação, concentração e inumação dos corpos.


Devido a limitações orçamentais e de índole sanitária, o  Serviço de Sepulturas de Guerra no Estrangeiro não conseguiu que todos os mortos pudessem ser repatriados, o que levou a fossem construídas sepulturas em muitos cemitérios no estrangeiro, nomeadamente: 88 na Alemanha, 23 na Bélgica, 2 na Espanha, 141 na França, 1 na Holanda e 3 na Inglaterra.


Pelo número de mortos, na maioria dos cemitérios estrangeiros delimitaram-se secções de portugueses, no entanto, em Richebourg l'Avoué, constituiu-se um cemitério militar exclusivamente português com 1.831 mortos, dos quais 238 são desconhecidos. Os corpos virem de outros cemitérios de França (Touret, Ambleteuse, Brest), da Bélgica (Tournai) e da Alemanha (de prisioneiros de guerra falecidos) e resultam de um trabalho de recolha efectuado entre 1924 e 1938.


Foi construído por iniciativa do cônsul português em Arras, M. Lantoine e do aviador Lello Portela, em 1935, onde reagruparam inicialmente os corpos dos portugueses inumados em França (Brest, Chartres, Etaples, Wimereux, Boulogne, Ambleteuse, Côte d'Opale, etc.). Somente 500 sepulturas apresentam estela memorial com as armas de Portugal.


Em território nacional ainda não existe um cemitério militar que à imagem do que acontece por toda a Europa, se perpetuasse e assumisse o cultos dos mortos e se enaltecesse o reconhecimento do valor do sacrifício, procurando transcender o luto individual por uma celebração colectiva.


Cemitérios Militares

Monumentos Militares

À parte dos cemitérios, os monumentos constituíram a outra face da memória da Grande Guerra e constituíram-se como padrões da liturgia  cívica da alma republicana que se pretendeu disseminar pelo País, enquanto espelhos da ideologia oficial e memória do sacrifício colectivo.


A intenção destes monumentos era de centralizar anualmente a celebração do 11 de Novembro, como uma festa popular e litúrgica da alma republicana, mas a data foi progressivamente sendo esquecida do calendário oficial.


As edificações simbólicas podem ser agrupados em categorias, de acordo com a forma: padrão, obelisco e monumento.


Padrões:

Perto de 100 espalhados por todo o continente.


Obeliscos:

Valença, Mira e Mértola.


Monumentos:

Abrantes, Aveiro, Coimbra, Covilhã, Estremoz, Évora, Faro, Figueira da Foz, Guarda, Lamego, Lisboa (3), Loures, Oliveira de Azeméis, Portalegre, Porto, Régua, Santarém, São João da Madeira, Seia, Soure, Tondela, Vila Real e Viseu.




Da lista dos monumentos alusivos à Grande Guerra, por Distrito:




Aveiro:


Anadia (1929), Aveiro (1934), Espinho (1957), Espinho – Regimento de Engenharia 3 (1930), Estarreja (1922), Ílhavo (1924), Murtosa (1929), Oliveira de Azeméis (1930), Oliveira do Bairro (1926), Ovar (1925), São João da Madeira (1937) e Vagos (1923);




Braga:


Barcelos (1930), Braga (s.d.), Fafe (1931), Vila Nova de Famalicão (1927) e Vila Verde (1931);




Bragança:


Bragança (1928);



Castelo Branco:


Castelo Branco (1924), Covilhã (1930) e Penamacor (1921);




Coimbra:


Coimbra (1932), Condeixa a Nova (1921), Figueira da Foz (1928), Lousã (1927), Mira (1932), Oliveira do Hospital (1935), Penacova (s.d.), Penela (s.d.), São Pedro de Alva (s.d.), Soure (1934) e Vila Nova de Oliveirinha (1941);




Évora:


Estremoz (1941), Évora (1933), Évora – Regimento de Artilharia Ligeira 3 (s.d.), Montemor-o-Novo (1923), Reguengos de Monsaraz (s.d.) e Vendas Novas (1927);




Faro:


Lagos (1940) e Tavira (1933);




Guarda:


Almeida (1940), Guarda (1940), Pinhel (1922) e Vila Nova de Foz Coa (s.d.);




Leiria:


Batalha (1921), Caldas da Rainha (na Escola de Sargentos do Exército, 1953), Cortes (1919, o mais antigo em Portugal, de acordo com os registos das datas indicados), Leiria (1929), Marinha Grande (1935), Monte Redondo (s.d.) e São Mamede (s.d.);
.


Lisboa:


Alenquer (1959), Arruda dos Vinhos (1929), Cascais (1925), Lisboa (1931), Lisboa – Alto de S. João (1929), Lisboa (Regimento de Artilharia Ligeira (1987), Lisboa – Regimento de Engenharia 1 (s.d.), Loures (1929), Oeiras (1940) e Sintra (1940);




Portalegre:


Elvas (1938) e Portalegre (1935);




Porto:


Marco de Canavezes (1927), Penafiel (1927), Porto (1928), Póvoa de Varzim (1933), Vila do Conde (1932) e Vila Nova de Gaia (1925);




Santarém:


Abrantes (1940), Cartaxo (1922), Mação (1938), Santarém (1932), Tancos – Escola Prática de Engenharia (s.d.), Tomar (1932), Torres Novas (1927) e Vila Nova da Barquinha (1936);




Setúbal:


Palmela (2012, o mais recente memorial em homenagem aos mortos da Grande Guerra, particularmente aos naturais do concelho), Seixal (1934) e Setúbal (1931);




Viana do Castelo:


Valença (1951) e Viana do Castelo (1922);


Vila Real:


Chaves (1922), Mondim de Basto (1930) e Vila Real (s.d.);




Viseu:


Lamego (1932), Tondela (s.d.) e Viseu (1928);



Açores:

Ponta Delgada (1936) e Vila do Porto (1929);




Madeira:


Funchal (1936).





Na Figueira da Foz, consta ainda o monumento a António Gonçalves Curado, o primeiro soldado português a morrer na Flandres.





A lista é ainda completada com os monumentos portugueses no estrangeiro:




Angola:


Gabela (s.d.), Luanda (1934), Luena (s.d.) e Môngoa (s.d.);




França:


Ambleteuse (1919, com a indicação de ser o "primeiro monumento erguido no mundo em memória dos combatentes da Grande Guerra", iniciativa da Cruz Vermelha Portuguesa em 30 de Junho de 1919), La Couture (1928) e Richebourg – L'Avoué (dois, s.d.);




Macau:

Macau (1938);
.



Moçambique:


Maputo (1929), Mocimboa da Praia (s.d.) , Goba (s.d.), Inhambane (s.d.) Macequéce (s.d.), Muecate (s.d.), Namacurra (s.d.), Porto Amélia (s.d.), Quelimane (s.d.), Tete (s.d.) e  Mecula (s.d.).




Bélgica:

Gent (1928).






Nota: ver mais informação em http://ultramar.terraweb.biz/06livros_ligadoscombatentes_Monumento_aos_Combatentes.htm


Macau

Bélgica

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