Insubordinações

 

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As Insubordinações Colectivas em Portugal, 1916 - 1917

 

Mês

Local

Acção

 Junho de 1916

Covilhã

Em Junho de 1916, na Covilhã, houve uma insubordinação grave que aconteceu no Batalhão de Infantaria 21, da Covilhã, que por volta de Junho de 1916, levou, nos termos do Regulamento Disciplinar, ao envio compulsivo de 342 praças, incluindo 8 sargentos, de castigo para África. (in Martins, 1934b, p.152) 

 

Dezembro de 1916

Lisboa

Em Dezembro de 1916, em Lisboa, houve no dia 13 um motim conduzido por Machado Santos, herói da Rotunda de 1910, que fez atrasar o embarque do Corpo Expedicionário Português para França e originou a substituição dos oficiais implicados no levantamento. (in Afonso, 2010, p.288)

 

Em consequência o CEP perdeu três comandantes de Brigada e dois Coronéis que passaram à reserva. (in Henriques, 2001, p.12)

 

Janeiro de 1917

Leiria

Em Janeiro de 1917, em Leira, deu-se uma insubordinação quando as tropas do Batalhão de Infantaria 7, de Leiria, tentaram dificultar o embarcar no comboio que os iria levar até Lisboa e tentaram não embarcar no cais de Alcântara, mas os próprios oficiais conseguiram controlar e ultrapassar as situações. (in Henriques, 2001, p.12))

 

Janeiro de 1917

Santarém

Também em Janeiro de 1917, em Santarém, deu-se um motim quando os oficiais do Batalhão de Infantaria 34, de Santarém, se recusaram a embarque no comboio para Lisboa, o que levou à detenção e presídio destes. O perigo de propagar a desmotivação e a indisciplina a outras unidades militares levou à decisão de não enviar este Batalhão para França. (in Marques, 2008, p.45)

 

Julho de 1917

Penafiel

Em Julho de 1917, em Penafiel, houve no primeiro dia do mês um motim grave de resistência à ordem de marcha, quando o Batalhão de Infantaria 32, de Penafiel, se recusou a apresentar no Quartel de modo a boicotar o transporte para Lisboa. Esta situação só foi controlada 13 dias depois e com a intervenção da Guarda Nacional Republicana. (in Marques, 2008, pp. 418-29)

 

Julho de 1917

Lisboa

Ainda em Julho de 1917, em Lisboa, aconteceram outros motins mesmo dentro do Cais de embarque, em Alcântara, como no caso da insubordinação das praças do Batalhão de Infantaria 9, de Lamego, que se recusaram a embarcar nos navios aproveitando a incapacidade de comando dos seus oficiais. (in Marques, 2008, p.49)

 

Dezembro de 1917

Lisboa

Em Dezembro de 1917, em Lisboa, o Batalhão de Infantaria 33, de Lagos, que se mantinha na Capital a aguardar o embarque para França desde o final de Novembro, situação provocada pela espera do transporte "NRP Pedro Nunes" que se demorava em Brest, envolveu-se no movimento revolucionário de Sidónio Pais, a 5 de Dezembro, auxiliando o derrube do Governo, também em parte como recusa à partida para França. 

 


 

"O melhor desmentido aos que aventam pouco entusiasmo nos nossos soldados em irem combater pelos interesses mais vitais do país fora do nosso território está na observação conscienciosa da maneira espontânea como eles se apresentam, da disciplina e garbo com que se movem de uns pontos para outros.

Após tão prolongado período de paz, em que nem um só minuto sequer se pensou na hipótese de uma guerra para cuidarmos a valer da nossa organização militar, é ainda para admirar que tanto se tenha feito em tão pouco tampo.

Depois, as dificílimas circunstâncias, de ordem moral em que a guerra tem colocado todos os países e especialmente o nosso, ainda mais dignos de apreço tornam os esforços empregados pelo governo e pelos nossos comandantes militares para que a mobilização se faça sem atritos de maior e os contingentes, que tiverem de ir para França, se apresentem de forma a honrar-nos debaixo de todos os pontos de vista.

Todos timbram em que assim aconteça. Desde o mais modesto soldado ao mais graduado oficial, não há nem um só que não ponha o seu brio e o valor do seu braço ao serviço da causa de que depende o futuro de Portugal." (Ilustração Portuguesa, n.º 558, de 30 de Outubro de 1916,   p. 355)


Logo com as primeiras licenças concedidas aos praças, finda a instrução em Tancos, começam a surgir as primeiras situações de deserção com fuga para Espanha. Associada à ideia de recusa de combater em França e com a iminência da intervenção, começaram a aumentar as dificuldades de mobilização de novos mancebos, não só pelo aumento de situações de suborno das Juntas Médicas de incorporação, mas também pelo aumento de fugas para Espanha, que era neutra no conflito. Estas situações tomaram proporções descontroladas. (in Marques (2008), p.34)

 

A 16 de Janeiro de 1917 o cônsul de Portugal em Ciudad Rodrigo informou da presença na sua zona de jurisdição de numerosos desertores portugueses. A 25 de Junho desse ano é a vez do seu homólogo em Tuy, comunicar idêntica informação, acrescentando que nessa área se tinha formado uma larga rede de passadores. Também, a 15 de Abril de 1917, 111 soldados haviam desertado do Regimento de Infantaria 3, em Viana do Castelo. Sete dias depois o mesmo fazem em Braga 68 homens de Infantaria 8.
 

A acrescentar às lacunas do processo de instrução militar, a inexistência de cultura militarista na classe de oficiais e a inexperiência militar dos oficiais milicianos, facilitou a propagação da propaganda anti-intervencionista no interior das unidades do exército, ao ponto de provocar a desmoralização colectiva dos oficiais e praças. O nível do moral individual dos militares era tão baixo que a licença de 8 dias que lhes era facultada, antes do embarque para França, era apelidada de "Licença Funerária". (1)

 

Neste contexto verificaram-se as seguintes insubordinações, relacionadas com a recusa de combater em França:

 

Covilhã (Junho de 1916)

 

Insubordinação grave que aconteceu no Regimento n.º 21, da Covilhã, que por volta de Junho de 1916, levou, nos termos do Regulamento Disciplinar, ao envio compulsivo de 342 praças, incluindo 8 sargentos, de castigo para África. (2)

 

Lisboa (Dezembro de 1916)

 

O motim em Lisboa, a 13 de Dezembro de 1916, foi conduzido por Machado Santos, herói da Rotunda de 1910, que fez atrasar o embarque do Corpo Expedicionário Português para França e originou a substituição dos oficiais implicados no levantamento. (3)

 

Com este motim o CEP perdeu três comandantes de Brigada e dois Coronéis que passaram à reserva em consequência desta situação. (4)

 

Leiria (Janeiro de 1917)

 

O motim em Leiria, em Janeiro de 1917, deu-se quando as tropas do Batalhão de Infantaria n.º 7, de Leiria, tentaram dificultar o embarcar no comboio que os iria levar até Lisboa e tentaram não embarcar no cais de Alcântara, mas os próprios oficiais conseguiram controlar e ultrapassar as situações. (5)

 

Santarém (Janeiro de 1917)

O motim em Santarém, em Janeiro de 1917, deu-se quando os oficiais do Batalhão de Infantaria n.º 34, de Santarém, se recusaram a embarque no comboio para Lisboa, o que levou à detenção e presídio destes. O perigo de propagar a desmotivação e a indisciplina a outra unidades militares levou a que este Batalhão não fosse enviado para França. (6)

 

Penafiel (Julho de 1917)

 

O motim mais grave de resistência à ordem de marcha aconteceu em Penafiel, a 1 de Julho de 1917, quando o Batalhão de Infantaria n.º 32, de Penafiel,  se recusou a apresentar no quartel de modo a boicotar o transporte para Lisboa. Esta situação só foi controlada 13 dias depois e após a intervenção da Guarda Nacional Republicana. (7)

 

Lisboa (Julho de 1917)

 

Outros motins aconteceram mesmo dentro do cais de embarque em Alcântara, como no caso da insubordinação dos praças do Batalhão de Infantaria n.º 9, de Lamego, que se recusaram a embarcar nos navios aproveitando a incapacidade de comando dos seus oficiais. (8)

 

Os processos de transporte de tropas para França foi sempre problemático, tendo ocorrido diversos casos de recusa de embarque nos comboios de transporte para Lisboa e de recusa de embarque no navios para França. A isto acrescentaram-se casos de deserção de praças, e sobretudo oficiais, durante o período de marcha para Lisboa e mesmo já durante o período de tempo em que aguardavam o embarque para França nos quartéis de capital.  (9)

 

Lisboa (Dezembro 1917)

 

Motim do Batalhão de Infantaria n.º 33, de Lagos, que se encontrava em Lisboa para embarque para França no final de Novembro, mas como o transporte "NRP Pedro Nunes" se demorou em Brest, este ainda se encontrava em Lisboa a 5 de Dezembro. Envolveu-se no movimento revolucionário de Sidónio Pais, auxiliando o derrube do Governo.    

 

 

 

As Insubordinações Colectivas em França, 1917 - 1918

 

Logo no primeiro ano, 1917, pela falta de rotatividade das tropas, entre a frente e a retaguarda, e da forma como eram dadas as licenças, começam a aparecer os primeiros sinais de cansaço psicológico, empolados pela indisciplina dos oficiais e pela forma discriminatória de como era aplicado o código de justiça militar.

 

A Indisciplina

 

Das situações registadas em Tribunal de Guerra, entre 1917 e 1918, a nível de praças encontram-se contabilizados 352 punições a praças e 165 a oficias.

 

A nível dos praças foram registadas 290 punições por deserção, se bem que parte das designadas "deserções" foram "ausências sem licença" e não fuga.

 

A nível de oficiais e segregando a classe dos Alferes dos restantes postos, verificaram-se 102 punições a Alferes e 63 em outras patentes. Refira-se que no ano de 1918, 21 dos Alferes punidos foram antes da Batalha de La Lys e 40 após, demonstrando um aumento de indisciplina. Apenas uma das punições a Alferes foi por cobardia e nove foram por "ausência sem licença". (10)

 

 

O Fuzilado Português

 

Em 16 de Setembro de 1917 foi executado o soldado João Augusto Ferreira de Almeida, n.º 505, chauffeur do Batalhão do 23º Regimento de Infantaria. O local do fuzilamento foi a localidade de Picantin, próximo de Laventie, às 7horas e 45minutos da manhã.

 

Em Picantim, estiveram presentes o promotor de justiça do tribunal de Guerra, do Quartel-general do CEP. De acordo com o processo-crime todas as formalidades regulamentares foram cumpridas.

 

O processo começou quando, em 30 de Julho de 1917, o Capitão Mousinho de Albuquerque mandou inquirir o soldado António Rei, para registar as declarações que tinha proferido sobre o soldado Ferreira de Almeida. Foi aberto um processo e convocadas nove testemunhas, sete soldados e dois sargentos.

 

Ficou lavrado como evidência que, em 29 de Julho de 1917, o soldado João Augusto Ferreira de Almeida, procurou saber o caminho para os alemães, declarando “que já fornecera dinheiro a um soldado para que lhe fornecesse essa informação” e que mostrou ter intenção de indicar aos alemães, depois de desertar, os locais das tropas portuguesas através de dois mapas que possuía.  Declarou ainda que não iria cumprir a totalidade da pena de 60  dias de prisão a que fora condenado, porque antes de  esta findar passaria para os alemães.

 

Estas declarações foram remetidas do Batalhão do 23º Regimento de Infantaria para o Juiz auditor, Joaquim de Aguiar Pimenta Carreira, a 7 de Agosto de 1917, a fim de que fosse emitido parecer nos termos do Artigo 337º do código do processo criminal Militar.

 

Foi concluído que o soldado João Augusto Ferreira de Almeida tentara passar para o inimigo, achando-se por isso incurso na caução do n.º 1 do Artigo 54º do Código de justiça Militar, que de acordo com Artigo 1º, do Decreto de 30 de Novembro de 1916, se aplica a pena de morte.

 

Com base nos elementos apurados o comandante do Corpo Expedicionário Português, General Fernando Tamagnini de Abreu e Silva, despachou para processo disciplinar com intuito de que o soldado João Augusto Ferreira de Almeida respondesse perante o Tribunal de Guerra e lhe fosse feita a aplicação da lei militar.

 

Foram determinados em tribunal como provados os seguintes crimes militares:

 

1º - Tentara passar para o inimigo, para o que perguntara a vários praças o caminho a seguir, chegando até a oferecer dinheiro com o fim de obter essa informação

 

2º - Queria indicar ao inimigo os locais ocupados pelas tropas portuguesas, constando em duas cartas itinerários de que o praça era portador.

 

Foi marcado conselho de guerra, o qual foi presidido pelo Coronel António Luís Serrão de Carvalho, de Infantaria, que presidiu ao Tribunal de Guerra.

 

A sessão foi marcada para 15 de Agosto de 1917, em Roquetoire, e foi constituído pelo Presidente do Tribunal, Coronel António Luís Serrão de Carvalho, pelo Juiz auditor Joaquim de Aguiar Pimenta Carreira, pelo Júri constituído por cinco oficiais: Major Joaquim freire Ruas, Capitão Adriano Augusto Pires, Capitão David José Gonçalves Magno, Alferes Joaquim António Bernardino e Alferes Arnaldo Armindo Martins, pelo promotor Capitão Herculano Jorge Ferreira e pelo secretário Tenente José Rosário Ferreira.

 

Foram apurados em Tribunal os seguintes quesitos:

 

1º - O facto do arguido em 29 de Julho de 1917, encontrando-se na primeira linha, tentar passar para o inimigo perguntando a vários praças o caminho e oferecendo a uma praça dinheiro para que lhe prestasse essa informação; 

2º - O facto de o arguido querer indicar ao inimigo os locais ocupados pelas tropas portuguesas, constantes de duas cartas itinerárias de que era portador; 

3º - O mau comportamento do réu; 

4º - O crime ser cometido em tempo de guerra; 

5º - O réu ter cometido o crime com premeditação; 

6º - O crime ter sido cometido, tendo o agente a obrigação especial de o não cometer; 

7º - O estar provado perfeito conhecimento do mal do crime.

 

Sobre estes sete quesitos o júri pronunciou-se do seguinte modo:

 

1º - Provado por maioria, (viria a decidir a condenação); 

2º - Provado por maioria; 

3º - Provado por unanimidade;

4º - Provado por unanimidade;  

5º - Provado por maioria; 

6º - Provado por maioria; 

7º - Provado por maioria.

  

Foi face aos autos e ao resultado das votações do Júri que o promotor de justiça acusou o réu, o soldado João Augusto Ferreira de Almeida, de no dia 29 de Julho de 1917, tentar passar para o inimigo e de querer indicar ao mesmo os locais ocupados pelas tropas portuguesas constantes de duas cartas itinerárias, de que era portador, cometendo assim o crime de traição, Artigo 54º, n.º 1 do Código de Justiça Militar, “será condenado à morte com exautoração o militar que passar, ou tentar passar, para o inimigo”.

 

O defensor oficioso do soldado João Augusto Ferreira de Almeida recorreu da sentença para o General Fernando Tamagnini de Abreu e Silva, comandante do CEP, por quanto a pena de exautoração militar a que tinha sido ordenado tinha desaparecido da nova legislação militar, de 1911.

 

Ao recurso o Juiz auditor António Augusto de Almeida Azevedo pronunciou-se, dando deferimento e sendo marcada nova Sessão para ser preferida nova sentença por outro Juiz auditor, o que foi marcado para 12 de Setembro de 1917. Houve ainda outro requerimento, colocado pelo defensor oficioso, alegando insanidade, cuja intenção era de adiar o processo, mas que não obteve provimento.

 

Na Sessão de 12 de Setembro de 1917, o novo Juiz auditor, José Maria de Magalhães pais Pinheiro, articulando a sentença de forma semelhante à anterior, concluiu dar procedimento e que se encontrava provada a acusação e, consequentemente, condenava o réu à morte, com expulsão.

 

A16 de Setembro de 1917, em Picantim, o soldado João Augusto Ferreira de Almeida foi fuzilado.  (11)

 

De resto, o Tenente-Coronel Maia Pinto refere que sempre reinou a maior indisciplina possível no corpo de oficiais de Infantaria portuguesa e cita que: "...quando depois de dois meses de indecisões e sob a pressão dos ingleses, o Estado-maior português se decidiu por fazer executar a sentença de morte em que tinha sido condenado o chauffeur português, que pretendera passar-se para os alemães, levando consigo documentos. Foi difícil encontrar um oficial português que se prestasse a comandar o pelotão de execução, pois todos se esquivaram a isso, sob diversos pretextos."

 

0 soldado João Augusto Ferreira de Almeida, alimentou até à última hora a esperança de não ser executado, pois muitos oficiais lhe garantiam que não o seria. Talvez por isto, a sua atitude foi de arrogância e zombaria até ao último momento, pois estava convencido que não seria executado. Quando viu que a sua execução era inevitável demorou-a quanto pôde, agarrando-se ao capelão que o acompanhava e que persistia em não se retirar do seu lado, e tirando constantemente a venda que lhe tinham posto sobre os olhos. Isto levou cinco minutos.

 

Um desertor

 

Um sargento que desertou em 1917 para lado dos alemães e a quem estes confiaram mais tarde o cuidado de guardar prisioneiros portugueses, foi para estes um verdadeiro algoz. Quando voltou com os outros portugueses da Alemanha foi preso em Portugal. À data da informação encontrava-se preso a aguardar julgamento em Conselho de Guerra, mas sobre o castigo que se iria aplicar subsistiam hesitações.

 

 

 

As Insubordinações Colectivas

 

 

Mês

Local

Acção

 Março de 1918

Flandres

 Em 17 de Março de 1918, Flandres, dá-se o primeiro motim, quando praças do Batalhão de Infantaria n.º 13, Vila Real, se recusa a ir para a 1ª Linha, alegando fadiga física. A situação foi sanada internamente. (in Marques, 2008, p.309)

 

Abril de 1918

Ferme du Bois

Em 4 de Abril de 1918, Ferme du Bois, dá-se um conjunto de 5 motins, todos interligados, tornando-se uma das situações mais graves de indisciplina no CEP. Nestes estiveram implicadas seguintes unidades: Batalhão de Infantaria 24, de Aveiro; Batalhão de Infantaria 7, de Leiria; e, Batalhão de Infantaria 23, de Coimbra

 

Julho de 1918

Stembecque

Em 21 de Julho de 1918, Stembecque, o Tenente-coronel José Martins Caiado de Sousa assumiu o comando do Batalhão de Infantaria n.º12, da Guarda, quando de imediato foi surpreendido com a insubordinação da unidade. Esta era uma situação que se vinha a preparar e que não esteve ligado à pessoa do novo comandante, mas sim à situação moral de todo o CEP. No entanto, é de referir que não foi uma revolta dos seus oficiais e praças mas sim dos homens que tinham sido transferidos de outras Unidades e do Depósito Disciplinar. Não houve mais condições para operacionalizar esta unidade, tendo sido transferida a 23 de Julho para Isbergues. (in Magno, 1921a, p.98) 

 

Setembro de 1918

Chocques

Em 29 de Setembro de 1918, Chocques em França, dá-se o motim do Batalhão de Infantaria 12, da Guarda, por solidariedade ao saber que alguns elementos iam ser enviados para o Deposito Disciplinar 1, por actos de colectivos de insubordinação. (in Marques, 2008, pp.311-13 e Fraga, 2003, pp.46-9)

 

 Outubro de 1918

Paradis

Em 6 de Outubro de 1918, em Paradis na França, o Batalhão de Infantaria n.º 23, que se encontrava acantonado em Paradis, amotinou-se na sequência de boatos sobre uma partida para a frente de combate e o número de baixas que estavam os aliados a sofrer nesse sector. Os cabecilhas da revolta usaram lançamento de granadas, tiros e palavras de ordem, para incentivar a amotinação do Batalhão. Entre as palavras de ordem destacam-se “Estamos fartos de guerra e temos direito a ver as nossas famílias” e “Se o CEP todo fosse para a frente iriam também”.  Os revoltosos preferiram ser enviados para o Depósito Disciplinar 1 do que serem enviados para a frente de combate. O motim terminou com o envio dos militares que voluntariamente quiseram ser enviados para o Depósito Disciplinar 1. (in Marques, 2008, pp.313-15  e Fraga (2003), pp.49-51)

 

Outubro de 1918

Crox Marmuse

Em 15 de Outubro de 1918, em Crox Marmuse, o Batalhão de Infantaria n.º 11/17, à data identificado como VI Batalhão de Infantaria, revoltou-se, primeiro de forma passiva não obedecendo às ordens de formatura, depois com o assalto às arrecadações de armamento e roubaram armas, munições, incluindo metralhadoras e entrincheiraram-se no aquartelamento. Os amotinados foram cercados por forças do Batalhão de Infantaria n.º 23, à data também designado IV Batalhão de Infantaria, e reprimidos de forma muito violenta, que incluiu tiro de metralhadora, tendo havido mortos, feridos, presos e desertores. A revolta durou 5 dias.

(in Fraga (2003), pp. 53-9)

 

 

Em 1918, o Corpo Expedicionário Português encontrava-se completamente desmoralizado. A avaliação da acção e do comportamento das tropas portuguesas em La Lys é de menor importância, uma vez que as condições físicas e psicológicas das tropas tornavam inevitável o desfecho.

 

A capacidade de resistência, ou a propensão para a fuga, em Abril de 1918, já não dependia da liderança do comando táctico local, mas apenas da capacidade individual de sobrevivência. Os que lutaram até morrer, os que lutaram até serem aprisionados e os que fugiram, não o fizeram por estoicismo ou cobardia, mas sim porque o nível individual de coragem se encontrava esgotado, ou não.

Um dos factores que contribuiu para a desmoralização e para os motins no Corpo Expedicionário Português foram as atribuições de licenças. Os soldados há meses que viam os oficiais a irem de licença a Portugal e a não voltarem.

 

A esta situação provocada pelo comando militar, existiram danos psicológicos derivados de um longo tempo passado nas trincheiras, as poucas licenças de descanso para os praças, a falta de transporte para Portugal, a falta de reforços vindos de Portugal, o Inverno de 17-18 muito rigoroso e o aumento da intensidade dos ataques alemães.

 

Acresce a questão da recusa de continuar a combater. O Corpo Expedicionário Português não estava imune às revoltas e motins que foram acontecendo no exército inglês e francês. 

 

O motim no campo de treino inglês de Etaples, que durou entre 9 e 12 de Setembro de 1917, por causa das condições atrozes que eram infligidas durante a instrução militar aos novos recrutas e veteranos de guerra. Os contingentes portugueses também passavam por este campo de treino e terão tido conhecimento da situação se não mesmo presenciado. 

 

O exército francês apresentava inúmeras revoltas desde 1917, motins em que onde os praças se batiam entre si e maltratavam oficiais. O nível de motins atingiu tais proporções que houve unidades que decidiram marchar sobre Paris, para derrubar o Governo e proclamar a paz.

 

O exército francês apresentava um nível de desmoralização geral, muito influenciado pela propaganda antiguerra feita pelos pacifistas, socialistas, anarquista e, porque não, a pela contra-propaganda alemã, mas pela análise dos locais onde se deram as principais revoltas, pelo desgaste derivado do tempo prolongado na "zona de combate" e pelo descrédito nos oficiais.

 

O volume de motins tomou proporções críticas, entre 30.000 a 40.000 amotinados. Destes, parte foram vigorosamente reprimidos com 528 fuzilamentos, sem contar com os que foram enviados em missões sem regresso que muitos oficiais utilizaram para se livrarem de elementos prejudiciais à disciplina.

 

Para a resolução desta situação Pétain tomou duas medidas, por um lado usou "mão de ferro" para sanar as revoltas, prendendo e fuzilando os cabecilhas, e por outro acedeu às reivindicações gerais dos militares, quando decidiu colocar o exército francês na defensiva até à chegada dos Americanos. (12)

 

Esta decisão trouxe-se um impacte directo no sector inglês, revertendo as acções ofensivas de 1917 para a Flandres e por consequência para o sector português.

 

Todas estas situações externas ao CEP e as condições internas anteriormente indicadas, deterioraram consideravelmente o moral das tropas portuguesas. Neste contexto, o aparecimento de revoltas no interior do CEP tornou-se uma inevitabilidade, que apenas esperavam pelo momento desencadeador.

 

A ofensiva alemã da primavera de 1918 foi o acontecimento que fez desencadear o início dos motins, que durante o ano de 1918 contabilizaram-se em 18 revoltas e 6 tentativas de revolta, com mais ou menos gravidade, preconizadas pela arma de Infantaria e pela arma de Artilharia.

 

 

Entre Março e Maio de 1918

 

As revoltas que eclodem no período de Março a Maio são características de uma recusa generalizada de combater e são simultaneamente resultado do cansaço físico e psicológico a que os militares estacionados na zona da 1ª linha estiveram sujeitos. Reflectem também o ambiente geral no front e em particular a influência da atitude do exército francês em se recusar em combater. Deram-se 9 motins, entre o CEP e o CAPI, destacando-se os seguintes:

 

Flandres (17 de Março de 1918)

 

Em 17 de Março de 1918 dá-se o primeiro motim, quando praças do Batalhão de Infantaria n.º 13, Vila Real, se recusa a ir para a 1ª Linha, alegando fadiga física. A situação foi sanada internamente.  (13)

 

Ferme du Bois (França, 4 de Abril de 1918) 

 

Em 4 de Abril de 1918 dá-se um conjunto de 5 motins, todas interligadas, tornando-se uma das situações mais graves de indisciplina no CEP. Integradas nesta revolta estavam praças do Batalhão de Infantaria n.º 24, de Aveiro, que se recusaram a deslocar para a 1ª Linha e a obedecer a instruções para carregamento de material militar. A situação apresentou elevada gravidade tanto mais que os praças se apresentavam em acto de desobediência colectiva, o qual só depois de uma longa acção coerciva é que partiram para a 1ª Linha.

 

No final do dia, quando a 2ª Brigada ia substituir a 3ª Brigada que se encontrava na linha da frente, um dos seus batalhões revoltou-se, o Batalhão de Infantaria n.º 7, de Leiria, que se recusou a avançar e dispersou aos tiros, conseguindo instigar algumas praças do outro batalhão da Brigada, o Batalhão de Infantaria n.º 23, de Coimbra. A isto é de acrescentar que o Batalhão de reserva desta Brigada era o Batalhão de Infantaria n.º 24, de Aveiro, que se tinha revoltado no início do dia. O General Fernando Tamagnni de Abreu e Silva, comandante do CEP, viu-se obrigado a revogar a ordem de rendição da 3º Brigada.

 

Na manhã seguinte, 5 de Abril, quando já se faziam regressar ao acantonamento, o  Batalhão de Infantaria n.º 7, de Leiria, voltou a revoltar-se e fugiram para uma localidade próxima, Bouzigham, onde se entrincheiraram. O General Fernando Tamagnini ordenou o cerco da povoação pelos Batalhão de Infantaria n.º 21, da Covilhã, e Batalhão de Infantaria n.º 22, de Portalegre, e ainda solicitou duas peças de artilharia ao ingleses para bombardear os revoltosos e assim acabar com a situação. Antes de chegar a artilharia os cerca de 500 revoltosos, praças e oficiais renderam-se. Os revoltosos passaram a constituir um depósito disciplinar e os cabecilhas foram condenados. Do ponto de vista dos revoltosos venceram, porque conseguiram o objectivo, não serem colocados na 1ª Linha. (14)

 

A revolta da 2ª Brigada e principalmente do Batalhão de Infantaria 7, foram o resultado da desmoralização em que o CEP se encontrava. Grande falta de oficiais, parte em licença "prolongara", o comando das unidades exercidas de forma interina, em que os há Batalhões a sere comandados por capitães, Companhias por tenentes e alferes, que na sua maior parte são milicianos. Os soldados estavam convictos que de Portugal não vinham oficiais e soldados porque o Governo não queria. Sentiam-se abandonados e exilados na Flandres. Por cada canto do front até à linha das aldeias corriam expressões como: "Portugal, rapazes, declarou a guerra à Alemanha mais ao CEP" e "A Alemanha declarou guerra a Portugal inteiro e não apenas ao CEP". A isto juntava-se o pouco apoio moral de muitos dos oficiais aos soldados, juntando "...a incapacidade duns,  o péssimo moral doutros, a atmosfera política negativa e contra a guerra para a Flandres venenosamente transportada..." contribuíram em muito para a desmoralização das tropas. (15)

 

Outra situação que contribuía para a desmoralização eram as sucessivas rendições, que estavam a acontecer desde o início de Abril, logrando as expectativas de descanso, o desprezo a que Portugal parece ter votado as suas tropas, o sofrimento físico e psicológico, as saudades de casa diminuíam em muito a moral das unidades. (16)

 

Flandres (5 de Maio de 1918)

 

Em 5 de Maio de 1918 o Batalhão de Infantaria n.º 34, Mangualde revolta-se.

 

Stembecque (21 de Julho de 1918)

 

Em 21 de Julho o Tenente-coronel José Martins Caiado de Sousa assumiu o comando do Batalhão de Infantaria n.º12, da Guarda, quando de imediato foi surpreendido com a insubordinação da unidade. Esta era uma situação que se vinha a preparar e que não esteve ligado à pessoa do novo comandante, mas sim à situação noral de todo o CEP. No entanto, é de referir que não foi uma revolta dos seu oficiais e praças mas sim dos homens que tinham sido transferidos de outras Unidades e do Depósito Disciplinar.  Não houve condições mais condições para operacionalizar esta unidade, tendo sido transferida a 23 de Julho para Isbergues.

 

 

Entre Setembro e Outubro de 1918

 

As revoltas que eclodem depois de Setembro de 1918 têm outras características. São resultado de terem colocado as unidades militares portuguesas a efectuar trabalhos de construção e manutenção de trincheiras para as tropas inglesas, colocando-as ao nível das companhias de trabalho indianas e chinesas contratadas como auxiliares do exército inglês (Labour Companies), e por terem enviado as unidades militares já veteranas para uma nova acção de instrução para as preparar, de novo, para o combate. A recusa de combater manteve-se até ao final da guerra.

 

Nestas revoltas o factor de solidariedade entre camaradas e de lealdade para com o Batalhão passou a ser o principal, e as reivindicações centram-se em pedidos como: justiça na distribuição de licenças e o regresso dos seus oficiais que se encontravam em Portugal.

 

Após a Batalha de La Lys é evidente a desmoralização total das tropas e a falta de motivação do comando em participar na ofensiva aliada. Chegou-se ao ponto em que os praças preferirem o castigo prisional de detenção no Depósito Disciplinar n.º 1, à liberdade junto às trincheiras.

O Tenente-coronel Maia Pinto indica que, após a ofensiva alemã de Abril 1918, o CEP apenas conseguiu reconstruir uma pequena força de combate, ao nível de Batalhão, com elementos retirados aos antigos Regimentos de Infantaria que ficaram sob o comando de Hélder Armando dos Santos Ribeiro (oficial do exercito).

 

O CEP perdeu a capacidade de combate. O mesmo não sucedeu ao CAPI que foram utilizadas na frente de combate até à data do Armistício, 11 de Novembro de 1918. A Organização dos Batalhões de Assalto fora resultado do esforço de um grupo de oficiais: tenentes, capitães e majores, que das suas relações e do prestígio pessoal conseguiram colocar alguns batalhões na frente de combate.

 

Este estado de espírito levou a que mais de 50% dos nove Batalhões de Assalto, proposto pelo General Garcia Rosado ao General Birdwood, da Força Expedicionária Britânica, em 20 de Setembro de 1918, se viessem a insubordinar.   (17)

 

Em 21 de Setembro, e desde o pedido de reforços de 5.000 homens por mês efectuado a 5 de Setembro pelo General Garcia Rosado, não havia por parte dos nossos aliados o menor obstáculo ao envio de reforços de Portugal para a França. Os batalhões do CEP desagregaram-se exaustos e abandonados por Lisboa. O esforço do General Garcia Rosado para por cobro à indisciplina teve o apoio de figuras importantes que se encontravam em França, como Bernardo de Faria,  D.José de Serpa, Helder Ribeiro e Ferreira do Amaral. A indisciplina foi fruto fatal do sistema de licenças e concessões extraordinárias que roubaram aos batalhões a quase totalidade dos oficiais que tinham acompanhado os homens até à frente de combate. (18)

 

 

Setembro de 1918

 

Chocques (França, 29 de Setembro de 1918)

 

Em 29 de Setembro de 1918, o Batalhão de Infantaria n.º 12, da Guarda, revoltou-se por solidariedade quando soube que alguns praças iriam se enviados para o Depósito Disciplinar n.º 1, por insubordinação. Houve ainda uma negociação entre com os praças de Batalhão de Infantaria n.º 35, de Coimbra, o que implicou que quando foi feito um pedido do pedido de auxilio por parte do comandante do batalhão da Guarda para acabar com a revolta, estes também se revoltaram em solidariedade.

 

A revolta do Batalhão n.º 35 foi contida prontamente pelos próprios oficiais. O motim do Batalhão n.º 12, e porque estes se encontravam entrincheirados no acampamento, armados com metralhadoras, durou 12 dias, findos os quais parte dos revoltosos foram enviados para o Depósito Disciplinar n.º 1 e parte para unidades inglesas com a finalidade de efectuarem trabalhos de defesa. (19)

 

 

Outubro de 1918

 

A 3 de Outubro o General Garcia Rosado estava convencido que jamais chegariam reforço, tendo declarado: "Salvemos isto com o que temos!".  A 19 de Outubro envia um telegrama a Lisboa, onde indica que nos anteriores e sucessivos telegramas que tinha enviado alertava para a necessidade imediata de rendição da forças do CEP e que ao mantê-las em França poderia dar lugar a actos de indisciplina, que além de criar graves embaraços à acção do Comando do CEP, também colocava o País numa situação difícil. Neste último telegrama informa que infelizmente devido à não satisfação das anteriores solicitações o CEP vivia várias situações de insubordinação colectiva e individuais. Mais indica que todos os casos de indisciplina têm a mesma causa: a não vinda de reforços que permitam a rendição das forças e a impossibilidade de conceder licenças a praças. O General Garcia Rosado optou pela força e repressão com violência sobre os indisciplinados, como forma de modificar o comportamento de outros Batalhões, que ainda não incorporados em Brigadas Britânicas, apresentavam um baixo moral e falta de disciplina. (20)

 

Os batalhões fieis da Flandres meteram na ordem os batalhões insubordinados pelo decreto do "roulement", pela convenção de Janeiro, pela revolução de 5 de Dezembro e pelos resultados da política externa do dezembrismo. O culminar de todos estes actos ocorreu no Bosque de Pacaut, onde correu sangue que marcará para sempre a História militar portuguesa. Augusto Casimiro baptizou o acto como os "fuzilados do Bosque de Pacaut" . (21)

 

 

Paradis (França, 6 de Outubro de 1918)

 

Em 6 de Outubro de 1918, o Batalhão de Infantaria n.º 23, que se encontrava acantonado em Paradis, amotinou-se na sequência de boatos sobre uma partida para a frente de combate e o número de baixas que estavam os aliados a sofrer nesse sector. Os cabecilhas da revolta usaram lançamento de granadas, tiros e palavras de ordem, para incentivar a amotinação do Batalhão. Entre as palavras de ordem destacam-se “Estamos fartos de guerra e temos direito a ver as nossas famílias” e “Se o CEP todo fosse para a frente iriam também

 

Os revoltosos preferiam ser enviados para o Depósito Disciplinar n.º1 do que serem enviados para a frente de combate. O motim terminou com o envio dos militares que voluntariamente quiseram ser enviados para o Depósito Disciplinar n.º 1. (22)

 

Crox Marmuse (França, 15 de Outubro de 1918)

 

O Batalhão de Infantaria n.º 11, após os combates de 9, 10 e 11 de Abril de 1918, foi acantonado em Halinghem onde recebeu os restos dos efectivos do Batalhão de Infantaria 17, passando a ter a designação de Batalhões de Infantaria n.º 11/17. Em 16 de Maio passou para Ambleteuse, onde em 8 de Junho foi reforçado com os piores elementos de outros batalhões, seguindo para Inghen. (23)

 

Em Setembro foram deslocados para Crox Marmuse, perto do Bosque Pacaut. À data também era identificado como VI Batalhão de Infantaria e encontrava-se em preparação militar para serem enviados para a frente de combate. É então que os elementos de reforço vindos de outros batalhões se revoltaram, primeiro de forma passiva não obedecendo às ordens de formatura, depois com o assalto às arrecadações de armamento e roubaram armas, munições, incluindo metralhadoras e entrincheiraram-se no aquartelamento. Os amotinados foram cercados por forças do Batalhão de Infantaria n.º 23, à data também designado IV Batalhão de Infantaria, e reprimidos de forma muito violenta, que incluiu tiro de metralhadora, tendo havido mortos, feridos, presos e desertores. A revolta durou 5 dias.

 

Com o abandono de medidas repressivas leves utilizadas anteriormente, sempre acompanhadas de admoestações e prisões, e se reprimiu a revolta colectiva com meios muito violentos, a acção alterou a vontade de agir dos revoltosos, não se tendo verificado mais motins até ao Armistício.   (24)

 

 

Após o Armistício

 

Após o Armistício não voltaram a acontecer revoltas colectivas, porque em grande parte estas estavam baseadas na determinação de não combater. No entanto, a nível individual continuaram-se a verificar inúmeras situação de insubordinação individual e de delitos, que se prolongaram por 1919, até à repatriação final. (25)

 

Como testemunho do moral das tropas portuguesas em França as memórias de João Chagas, nas suas notas de 2 de Fevereiro de 1919 refere-se à visita do Tenente-coronel Maia Pinto (Carlos Henriques da Silva Maia Pinto, oficial de artilharia) que se encontrava em Paris de licença e ao pedido de informação sobre a situação das tropas portuguesas estacionadas em França e sobre o estado de espírito das mesmas.

 

O Tenente-coronel Maia Pinto nas suas considerações foi muito reservado, não nos podemos esquecer da existência de uma censura activa, mas expressou que as tropas que ainda se encontravam em França, (02/02/1919), entre 25 a 30 mil homens, não estavam a fazer nada, apenas a aguardar pelo seu regresso a Portugal. Discrimina também que o número de oficiais que ainda se encontravam em França seria de aproximadamente 1200, de acordo com informação que lhe tinha sido transmitida pelos irmãos Olavo. (Carlos Olavo, Oficial de Artilharia, e Américo Olavo, Oficial de Infantaria, ambos feitos prisioneiros no dia 9 de Abril de 1918)

 

É interessante o reparo do Tenente-coronel Maia Pinto, quando se refere aos oficiais que já regressaram a Portugal: "...quanto aos que voltaram da Alemanha, não se recusa a crer que os maus tratos que ali sofreram tenham esfriado consideravelmente os seus entusiasmos pelos alemães.", se bem que exista uma interpretação política da mensagem, ou seja, a indicação de que os oficiais que já regressaram são pró Sidónio Pais, é de remarcar que a opinião sobre os alemães do II Reich não é genericamente muito negativa. José Hermano Baptista, nas suas memórias também refere: "... afinal os alemães não eram aqueles terríveis Boches que nos tinham habituado a tanto temer." 

 

Refere, ainda, que em 9 de Abril de 1918, quando se deu a última grande ofensiva alemã, estava posicionado na retaguarda das forças, local onde presenciou a chegada dos militares que recuavam, mas também faz referência à existência de muitos núcleos de resistência que se mantiveram em combata até às 11 horas da manhã (4 horas de combate, após o início do avanço da infantaria alemã e mais 3 horas de tiro de artilharia preparatório em cima) e alguns até mais tarde.  Militarmente, o Tenente-coronel Maia Pinto explica que o que transformou o recuo das forças portuguesas em fuga foi a inexistência de linhas de apoio na retaguarda, mas na realidade existem razões mais fortes do foro da psicologia, da disciplina militar e da gestão logística de recursos. Ele assistiu à fuga e à informação prestada por José Bernardo Pereira Martins (oficial de infantaria ), que houve soldados portugueses que só pararam em Calais. (26)

 

Remarque-se mais uma vez que não existia efectivamente um ódio entre os portugueses e os alemães que se encontravam nas trincheiras à sua frente, tanto mais que existiam ordens "severas" que proibiam a confraternização com o inimigo.  Em nota do 1º Exército Britânico, GS1076, de 12/03/1918, foi dado conhecimento do seguinte:

 

"Os observadores Britânicos comunicaram que depois de repelido o inimigo com sucesso no Raid desta amanhã, tropas portuguesas e alemãs foram vistas no terreno entre trincheiras, enquanto parecia estar em progresso a recolha dos feridos inimigos. Como o Comandante do Exército deu ordens severas, para o caso de confraternização com o inimigo, ele deseja um relatório circunstanciado sobre o caso" (27)

 

Estas averiguações foram concluídas a 20 de Março de 1918, não tendo sido encontrando no Arquivo Histórico Militar cópia das mesmas.  

 

Refira-se, ainda, que uma nota do 5º Exército Britânico de 11 de Novembro de 1918, do Lieutenant-General J. H. Davidson, dirigida ao General Garcia Rosado, indicava entre outras matérias a seguinte nota:

 

"There is to be no unauthorised intercourse or fraternisation of any description with the enemy. He will not be permitted to approach our lines and any attempt to do so will be immediattly stopped, if necessary, by fire. Any parties os enemy coming over to our lines under a white flag will be made prisoner and the fact reported to G.H.Q." (28)

 

 

 

As Insubordinações Colectivas em Inglaterra - 1918

 

 

Mês

Local

Acção

Abril de 1918

Horsham

(Inglaterra)

Em 23 de Abril de 1918, em Horsham na Inglaterra, o Corpo de Artilharia Pesada Independente (CAPI) amotina-se durante 6 dias e recusa-se a fazer os exercícios de instrução com o material bélico disponibilizado, na Escola de Artilharia de Horsham (Inglaterra). Para terminar com a situação os ingleses reenviam estes militares para França e integram-nos no CEP. Estes homens foram reforçar o número de revoltosos que se encontravam em França. (in Marques, 2008, p.308-17)

 

 

 

Horsham (Inglaterra, 23 de Abril de 1918)

 

Em 23 de Abril de 1918, o Corpo de Artilharia Pesada Independente (CAPI) amotina-se durante 6 dias e recusa-se a fazer os exercícios de instrução com o material bélico disponibilizado, na Escola de Artilharia de Horsham (Inglaterra). Para terminar com a situação os ingleses  reenviam estes militares para França e integram-nos no CEP. Estes homens vieram reforçar o número de revoltosos já existentes neste Corpo Expedicionário. (29)

 

 

 

Motins de tropas britânicas durante a Grande Guerra

 

O Exército Português já tinha tido uma experiência 100 anos antes, em 1814, durante a Guerra Peninsular, de contacto com a disciplina do existente no Exército Inglês. Era um controlo cruel e brutal, em que os soldados cumpriam as suas missões, mais por medo do chicote do que da morte, tanto mais que na altura Wellington considerava que os homens que dispunha (portugueses e ingleses) eram a maior escumalha que existia na terra.

 

O Exército Inglês não alterou em muito a sua cultura disciplinar desde essa data. Os métodos de instrução foram alterados. Com a doutrinação executada sobre os recrutas, que incutia a ideia de vingança perante “as atrocidades cometidas pelos alemães na Bélgica”, o emprego de gás no campo de batalha, a violação de mulheres francesas e o assassinato da enfermeira Cavell, conseguia mandar homens atacar e morrer às centenas. (30)

 

Para conduzir estes homens para a matança, o exército inglês utilizava os oficiais das unidades como “polícias de combate”, uma espécie de NKVD da União Soviética da Segunda Guerra Mundial, que obrigavam os seus homens a avançar sobre o inimigo, refira-se sem qualquer sentido táctico, e que matavam os sobreviventes que retiravam. Os praças ingleses ficavam literalmente entre dois fogos, ao enfrentarem as armas dos seus oficiais que os obrigavam a avançar para a morte certa.

  
Esta situação levou gradualmente à criação de um fosso entre os oficiais e os praças, o qual foi crescendo gradualmente, à medida que os oficias para “comandar” os homens iam morrendo e cada vez mais eram utilizados oficiais para “perseguir” os homens.
(31) 


Ao longo da guerra a situação agravou-se e reflectiu-se nos números oficiais sobre condenações por actos de indisciplina.

 

Fuzilamentos por deserção: 266 praças e 2 oficiais

Fuzilamentos por cobardia: 18 praças

Fuzilamentos por desobediência: 5 praças

Fuzilamentos por dormir no posto: 2 praças

Fuzilamentos por abandono do posto: 7 soldados

Fuzilamentos por violência: 6 praças

 

Foram ainda decretadas mais cerca de 2.600 sentenças de fuzilamento no exército inglês, mas que foram posteriormente comutadas noutras sentenças. (32)

Houve um incremento das sentenças de morte desde 1916: de cerca de 60 em 1916, 221 em 1917 para 676 em 1918, não havendo conta dos praças mortos de imediato no local, pelos oficiais, perante situações de fuga em combate, ou quaisquer outros actos de indisciplina. (33)

 

Estas situações de indiscipline não evidenciavam verdadeiros motins, stricto sensu, e por vezes reflectem situações que mais tarde vieram a ser reconhecidas como “shell-shock”, ou seja situações de trauma psíquico em combate.

 

Para além dos motins de Etaples, em 1917, e de Le Havre Base, em 1918, os grandes motins na frente ocidental deram-se no exército francês.  

 

Bolonha, 1917, (5 de Setembro)

 

A 5 de Setembro de 1917, duas companhias de trabalho, (Labour Company) entraram em greve em Bolonha, a poucos quilómetros de Etaples. No dia seguinte, 6 de Setembro, os grevistas tentaram sair do campo e embora desarmados foram alvejados pela polícia militar. Vinte e três foram mortos e Vinte e quatro ficaram feridos. Apesar da violência da repressão da polícia militar, quatro dias depois, 9 de Setembro, a Companhia de Trabalho n.º 74 entrou em greve. Este novo motim foi reprimido pela polícia militar, a 11 de Setembro, alvejando os manifestantes acabando por fazer quatro mortos, quinze feridos e vinte cinco prisões.  (34)

 

Etaples, 1917, (9 a 12 de Setembro)

 

No campo de treino de Etaples, a 24 Km a Sul de Bolonha, deu-se um dos primeiros motins de tropas inglesas na Grande Guerra.

Neste campo de treino era efectuada a instrução militar em condições atrozes aos novos recrutas e veteranos de guerra, que para aí eram enviados. Eram sujeitos a treino intensivo em guerra química (gás), combate com baioneta, tiro e longas sessões de marcha ao longo das dunas junto ao mar.

 

Este treino durava em média duas semanas e a dureza do tratamento era tal que muitos preferiam ser enviados para a frente de combate. As próprias condições e as formas como tratavam os feridos no hospital que lhe estava, que era considerado um tratamento mais punitivo que terapêutico, tendo-se registado inclusivamente diversas situações de confronto entre pacientes e polícia militar.

 

Em 9 de Setembro de 1917, um Domingo, após a polícia militar do campo ter efectuado a prisão de um artilheiro Neozelandês, juntou-se uma grande multidão a exigir a libertação do soldado, a qual no final da tarde já juntava centenas de pessoas. A polícia militar chegou a fazer um disparo mas acabou por ser expulsa do campo e ter de fugir para a cidade.

 

Na Segunda-feira, 10 de Setembro, manteve-se a situação incontrolada, não conseguindo manter os soldados dentro do campo de treino, os quais se dirigiam para a cidade sem autorização. A polícia militar não conseguia barrar a passagem para a cidade Paris Plage.

Na Terça-feira, 11 de Setembro, o comandante do campo de treino teve de solicitar reforços para tentar conter os milhares de soldados que se deslocavam à cidade de Paris Plage sem autorização.   

 

Na Quarta-feira, 12 de Setembro, chegaram os reforços solicitados, um destacamento da Honourable Artillery Company (HAC) armados com bastões, um destacamento do 15 º de Hussardos e uma secção de metralhadoras. Foram efectuadas 300 prisões e o motim terminou.

Um tribunal militar a 22 de Setembro de 1918, em Etaples, ditou uma sentença de dez anos de prisão por actos de indisciplina a cinco soldados, de idade compreendida entre dezassete e dezanove anos de idade. Esta situação levou a mais motins para exigir as suas libertações. (35)

 

First Army Area, 1917, (Outubro)

 

Aproximadamente um mês após as greves de Bolonha, surgiu uma greve similar, com uma companhia de trabalho, tendo a repressão feito cinco mortos e catorze feridos. (36)

 

 

Fontinettes, 1917, (Dezembro)

 

Em Dezembro de 1917 a Labour Company n.º 21, entrou em greve em Fontinettes, perto de Calais, tendo a repressão da polícia militar efectuado quatro mortos e nove feridos. Sabe-se que existiram muitas mais greves das companhias de trabalho, mas não há registo sobre os desfechos.

 

Por volta de 1918, existiam perto de 200.000 chineses incorporados em companhias de trabalho (Chinese Labour Corp). Estes trabalhavam na construção civil e como operários em fábricas. Existia uma forte influência sindical nestes trabalhadores, que organizaram entre 1916 e 1918, pelo menos 25 greves, as quais por estarem incorporados no exército, logo sob jurisdição da disciplina militar, foram consideradas como motins.

 

Como as companhias de trabalho (Labour Campany) eram compostas por chineses ou egípcios, explica-se a diferença de comportamento da polícia militar inglesa, e a aplicação diferenciada de força, contra estes “nativos” e contra os “europeus” ingleses, neozelandeses, australianos e escoceses.

 

Para além de um comportamento racista, também existia no pensamento militar britânico, que quando um homem se torna familiar com a morte, deixa de ter medo desta e a repressão com utilização de armas de fogo tem menos eficácia. Também tinham a consciência de que a utilização de tais métodos de repressão sobre dos soldados, apenas iria trazer ainda mais problemas.     

 

O exército continuou a resolver as greves das companhias de trabalho a tiro ater ao fim da guerra, mas tomou medidas para evitar novos motins em Etaples. O sistema de treino que se fazia em Etaples foi abandonado e convertido em rotinas de tirocínio por fases de preparação para o combate na linha da frente.  (37)

 

Le Havre Base, 1918, (9 de Dezembro) 

 

Os motins das tropas inglesas continuaram a aumentar ao longo do inverno de 1918-19. As situações chegaram a níveis de sublevação extremos, como o que aconteceu na noite de 9 de Dezembro de 1918, quando soldados regimento do Royal Artillery, estacionados em Le Havre Base, pegaram fogo a vários depósitos de material e efectuaram destruições, causando distúrbios muito mais graves do que os que aconteceram em Etaples. (38)

 

 

 

 

Motins de tropas francesas durante a Grande Guerra

 

Na Primavera de 1917 o exército francês sofreu uma vasta onda de motins, em muito relacionados com as condições em que se encontravam nas trincheiras, no cansaço de guerra, em rumores, na contrapropaganda pacifista e socialista. Em alguns motins apareceram bandeiras vermelhas e cantava-se a "internacional".

 

O fracasso da ofensiva francesa de Nivelle, em Abril de 1917, causou grande número de baixas nas tropas francesas e simultaneamente a ideia de que não valia mais continuar a combater. Os motins das tropas francesas começaram um dia após ter falhado a ofensiva de Robert Nivelle.

 

Robert Neville após ter substituído Joseph Joffre como comandante em chefe do exército francês, em Dezembro de 1916, após a Batalha de Verdun e do Somme, garantiu que podia obter a vitória sobre os alemães em 48 horas, através de um ataque massivo. O plano foi executado a 16 de Abril de 1917, envolvendo cerca de 1.2 milhões de tropas e 7.000 peças de artilharia, entre Roye e Reins, sendo o ataque principal sobre as posições alemãs ao longo do Chemin-des-Dames.

 

A ofensiva não trouxe ganhos territoriais significativos nas primeiras 48 horas. Os franceses sofreram cerca de 200.000 baixas, cerca de 120.000 nos primeiros cinco dias. A maior parte dos tanques franceses, os novos "Schneiders", foram destruídos pela artilharia alemã. Os alemães sofreram cerca de 163.000 baixas, incluindo 20.780 prisioneiros. Os ingleses tiveram aproximadamente 160.000 baixas e os russos 5.183 baixas. Quando a ofensiva parou em 5 de Maio a carreira militar de Robert Neville também terminou.  As perspectivas francesas para o número de baixas era de 10.000, o que levou à ruptura dos serviços médicos. As baixas massivas levaram aos motins que se verificaram logo de seguida. (39)

 

Muitos dos motins envolveram grandes números de soldados, foram utilizadas bandeiras vermelhas e chegaram a cantar a Internacional. Mas ao contrário dos motins na Rússia, não existiu oposição contra os oficiais que lutavam com os praças nas trincheiras. Houve motins que resultado de rumores que se espalharam pelas unidades, como o de o General Duchene ter ordenado o fuzilamento de um em cada dez dos soldados em batalhões dos regimentos de infantaria n.º 32 e n.º66, por não terem obedecido a ordens de irem para alinha da frente. Na realidade apenas três amotinados foram condenados à morte e mesmo assim só um foi fuzilado.

 

Um outro motim foi provocado pelo rumor que indicava que as mulheres e crianças em Paris estavam a ser atacadas e abusadas por grevistas, enquanto eles se mantinham a atacar inutilmente os alemães. Na verdade houve alguns casos de ataques e abusos em Paris, mas muito longe da dimensão apresentada no rumor.

 

Um exemplo da diferença entre o comportamento dos amotinados no exército russo e no exército francês, verificou-se  no motim do Regimento de Infantaria n.º 74, onde cerca de 300 soldados se recusaram a ir para alinha da frente e marcharam para a aldeia mais próxima. Quando a sua marcha foi bloqueada pelos oficiais do regimento, sem provocarem qualquer conflito, simplesmente sentaram-se na estrada em sinal de protesto.

 

No caso do 1º e 2º Batalhão do Regimento de Infantaria n.º 18, os homens que se recusaram a ir para a linha da frente, ao serem coagidos pelo Coronel do Regimento, disseram que não tinham nada contra o comandante, mas que não iam para a linha da frente.

 

No total entre 17 de Abril e 30 de Junho de 1917, aconteceram cerca de 250 motins no exército francês, que envolveram perto de 35.000 homens, aproximadamente 1% dos 3.500.000 que compunham os efectivos à data. A grande parte dos motins deram-se fora da zona de combate, em unidades que se encontravam de reserva na linha C, ou mais afastadas, como em Soissons, Villers-Cotterêts, Fère-en-Tardenois e Cœuvres-et-Valsery.

 

O General Philippe Petain, que substituiu Robert Neville a 15 de Maio de 1917, conseguiu terminar com a propagação dos motins, através de duas acções. Por um lado através de uma repressão directa e firme, e por outro da melhoria das condições de vida nas trincheiras, maiores períodos de descanso e licenças. Por último deu ordem aos "seus soldados" para não efectuarem mais ofensivas e esperar pela chegada dos americanos e dos tanques.

 

Das 112 Divisões do Exército Francês, 68 foram afectadas por motins. Existiram também motins em 12 regimentos de artilharia. Assim dos 35.000 amotinados cerca de 3.400 foram sentenciados, tendo 554 condenados à morte, mas apenas 47 foram fuzilados. (40)

 

 

 
 

Notas

 

  1. Marques (2008), p.47

  2. Martins (1934), p.152

  3. Afonso (2010), p.288

  4. Henriques (2001), p.12

  5. Henriques (2001), p.12

  6. Marques (2008), p.45

  7. Marques (2008), pp.418-20

  8. Marques (2008), p.49

  9. Marques (2008), p. 45

  10. Fraga(203), pp.83-93

  11. Afonso (2010), pp.350-1

  12. Ferro (1969), pp.231-34

  13. Marques (2008), p.309

  14. Marques (2008), pp.309-11

  15. Casimiro (1920), p. 20-1

  16. Casimiro (1920), p. 34

  17. Marques (2008), pp.311-13 e  Fraga(2003), p.59

  18. Casimiro(1919), p.111

  19. Marques (2008), pp.311-13 e Fraga (2003), pp.46-49

  20. Casimiro(1919), pp. 112-114

  21. Casimiro(1919), p.326

  22. Marques (2008), pp.313-15  e Fraga (2003), pp.49-51

  23. Magno(1921), p. 93

  24. Fraga (2003), pp.53-9

  25. PT/AHM/DIV/1/35/596 - Processos de averiguação, crimes e insubordinações. (soldados e oficiais)

  26. Chagas (1932)

  27. PT/AHM/DIV/1/35/119/4 - Confraternização com o inimigo. Carta dirigida ao Comandante da 2ª Divisão do CEP, em 13/03/1918

  28. PT/AHM/DIV/1/35/119/4 - Confraternização com o inimigo. Carta dirigida ao Comandante da 2ª Divisão do CEP, em 13/03/1918

  29. Marques (2008), pp.308-317

  30.  F.P.Crozier, A Brass Hat in No Man's Land (London, 1950), p. 42

  31.  F.P.Crozier, A Brass Hat in No Man's Land (London, 1950), p. 109

  32. http://libcom.org/history/1917-the-etaples-mutiny  submitted by Steven, (26/7/2011)

  33. Tom H. Wintringham. Mutiny (London, Stanley Nott, 1936), p.311 e , The Revolutionary Movement in Britain 1900-1921, London, Weidenfeld and Nicolson, 1969, p. 382)

  34. http://libcom.org/history/1917-the-etaples-mutiny  submitted by Steven, (26/7/2011)

  35. http://libcom.org/history/1917-the-etaples-mutiny  submitted by Steven, (26/7/2011)

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Links

 

Bibliografia

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