Formatura geral do BSCF em Ayre-sur-la-Lys antes do embarque de regresso a Portugal, em Abril de 1919
Batalhão de Sapadores de Caminhos-de-Ferro
As 1.ª e 2.ª Companhias, seguiram para a Região de Ypres e Messines, na Bélgica, em trabalhos de construção e reparação de linhas-férreas, muitas vezes realizados sob o fogo da artilharia alemã.
As 3.ª e 4.ª Companhias foram utilizadas em trabalhos na Região de Albert e Peronne, designadamente conservação e levantamento de linhas-férreas.
O novo plano de trabalhos de agosto de 1917, determinou que o Batalhão fosse concentrado na Região de Arras – St. Pol – Duisans.
A manutenção das linhas da região abrangia um sector que ia desde a frente, em Scarpe Valley, até à ligação com a zona da retaguarda, tendo uma das Companhias sido destinada a trabalhos no sector português, em La Gorgue e linhas adjacentes até Lavantie e Bac – St. Maur.
Este período que se prolongou até às ofensivas alemãs de Março e Abril de 1918, foi de trabalho árduo, feito quase sempre em difíceis condições. Muitas vezes realizado sob o fogo da artilharia, designadamente, trabalhos da 1.º Companhia em Maroeuil, durante a batalha de Arras em março de 1918 e da 4.ª Companhia, no outro extremo do sector, em St. Pol. Conseguiram que nunca deixasse de estar aberta ao tráfego a linha de Arras – St. Pol.
Após este período, a distribuição dos serviços do Batalhão sofreu modificações, tendo as 1.ª e 2.ª Companhias seguido o movimento de V. Exército inglês, para tomar conta de trabalhos em Abbeville – Candas. A 1.ª Companhia foi destacada em serviço na gare de Vendroux, em Calais.
A 3.ª Companhia, mesmo depois da Batalha de La Lys continuou nesta região, em Berguette, ocupando-se em trabalhos de salvação de material.
A 4.ª Companhia continuou ainda durante meses em St. Pol, estendendo a sua acção até Lilles e Bourbure, onde executou trabalhos em circunstâncias difíceis, sob fogo inimigo, designadamente na linha de Lillers – Chocques.
Na verdade, já em Fevereiro de 1918, se tinha organizado a 5.ª Companhia com o pessoal de exploração das outras Companhias e a ela tinha sido entregue o serviço da linha de Bethune – La Gorgue.
Em princípios de Agosto de 1918, ao Batalhão foi confiado o serviço de exploração nas gares de Quevilly, em Rouen e de Rouxmesnil, em Dieppe, tendo-se destinado a 3.ª Companhia para Quevilly, e a 5.ª Companhia para Rouxmensnil, onde se conservaram até à data do armistício.
A 3.ª Companhia foi ainda posteriormente destacada para manutenção da linha Bergues – Proven, na fronteira Norte com a Bélgica.
O Comando do BSCF ocupou sempre uma posição central em relação às diversas Companhias, designadamente, Popperinghe, Strazeele, Duisans e, por fim em Aubigny-en-Artois, onde se conservou até à data de marcha para o embarque de regresso a Portugal.
Após o armistício o Batalhão regressou a Portugal e, mais uma vez, foi reorganizado, criando-se um Grupo de Caminhos de Ferro, a 4 Companhias, aquartelado na cidadela de Cascais, depois transferido para o Quartel de Marinheiros em Lisboa e, mais tarde, para o Quartel de S. Francisco, em Setúbal.
Por Decreto de 10 de maio de 1919, o Batalhão foi orgaizado em 7 Companhias (4 de construção, 2 de exploração e 1, compreendendo o pessoal do Estado Maior, todos os condutores e o pessoal do serviço automóvel).
Fonte: Emílio Ricon Peres
https://memoriadarepublica.blogspot.com/2015/05/batalhao-de-sapadores-de-caminhos-de.html
Bibliografia
ABRANCHES, Joaquim, Os Caminhos de Ferro na Grande Guerra, Figueira da Foz, Tipografia Peninsular, 1931
ESTEVES, Raúl, “Os caminhos de ferro e a actual guerra” in Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.º 701, 1de Março de 1917, pp. 87-88
TEIXEIRA, Francisco Pinto, “A Cooperação dos Portuguezes no Serviço Militar dos Caminhos deFerro na Grande-Guerra (1917-1919)”, parte I e II, in Gazeta dos Caminhos de Ferro, n.ºs 757 e758, de 1 e 16 de Julho de 1919, pp. 193-196 e 211-213.
Em Portugal antes do embarque
O Capitão Raul Augusto Esteves assumiu o comando da Companhia de Sapadores de Caminhos-de-Ferro a 17 de Novembro de 1915, na sequência da ideia de o Estado-Maior do Exército vir a formar um Batalhão de Sapadores de Caminhos-de-Ferro.
Foi nomeado comandante do recém-formado Batalhão de Sapadores de Caminhos-de-Ferro a 16 de Fevereiro de 1917, numa face da guerra em que o Estado Português preparava o envio de tropas para o teatro de operações em França.
O Batalhão de Sapadores de Caminhos-de-Ferro foi constituído por quatro Companhias de Sapadores de Caminhos-de-Ferro, com um efectivo total de 56 oficiais e 1.580 sargentos e praças.
O seu Quartel estava localizado em Cascais, junto à zona da actual estação-terminal da linha de comboio.
Quando da ordem de marcha para França, em Abril de 1917, e seguindo outras manifestações de recusa de embarque por parte de outras unidades do Exército, registou-se no BSCF uma tentativa de insubordinação de algumas praças que alegavam ser ilegal o seu envio para França, mas que foi prontamente sanada pelos oficiais da unidade.
O Batalhão foi enviado para França em 1917 em três grupos a partir do porto de Alcântara, em Lisboa. O primeiro grupo (3ª e 4ª Companhias) em Abril, o segundo grupo (1ª Companhia) em Maio, no qual seguiu o seu comandante, o Capitão de engenharia Raul Augusto Esteves que se apresentou no Quartel-General do Corpo Expedicionário Português, em Roquetoire, no dia 19 de Maio, e o terceiro grupo (2ª Companhia) em Agosto.
Estes transportes correspondem ao período de maior fluxo de tropas portuguesas de Lisboa para França e também ao período em que a Grã-Bretanha cedeu o maior número de navios de transporte a Portugal.
Mais tarde, em Outubro de 1918 foi enviada mais uma Companhia, a 5ª Companhia, e ainda mais homens para o Depósito de Infantaria para serem empregues em trabalhos de apoio aos caminhos-de-ferro.
Fonte: http://centenariograndeguerra.defesa.gov.pt/franca/mobilizacao/engenharia.html#engenharia-6
Sob proposta do Ministro da Guerra o já Major Raul Augusto Esteves recebeu o Grau de Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, por ter comandado, com especial distinção o Batalhão de Sapadores dos Caminhos-de-Ferro, durante a permanência em França, com reconhecida competência entre os comandos aliados. Decreto de Concessão publicado em 10 de julho de 1920.
Fonte: Arquivo da Presidência da República
https://www.arquivo.presidencia.pt/details?id=123617
Em França
Chegados a França foi autonomizado do Corpo Expedicionário Português e colocado sob a dependência directa do Alto Comando Britânico. Inicialmente as suas quatro companhias estavam subdivididas em cinco secções cada, mas foram reorganizadas por forma a dar uma melhor resposta às necessidades operacionais.
O Batalhão de Sapadores de Caminho-de-Ferro ficou responsável pela exploração da estação-depósito de Rouxmesnil e pela administração das linhas:
1 - Yron a Conteville
2 - Abbeville a Conteville e Candas
3 - Proven a Bergues
4 - Conchil a Authie e Vrom
5 - Bethune a La Gorgue
Os sapadores do Batalhão desempenharam ainda outras funções de carácter técnico, como a reparação de pontes, a construção de depósitos e docas, e a reparação ou levantamento de linhas sujeitas aos frequentes bombardeamentos.
O pessoal do Batalhão participou na construção da linha-férrea de Achiet para Bapaume, na região do Somme e noutras linhas nas regiões de Ypres e Messines (Bélgica) e na região de Armentières, junto ao sector do C.E.P. Trabalharam ainda nas regiões de Arras, Calais, Abbeville e Dieppe.
Fontes:
Pedro Marquês de Sousa,
http://centenariograndeguerra.defesa.gov.pt/franca/outras-unidades/bat-sapadores-caminho-ferro.html
Museu Nacional Ferroviário,
https://www.fmnf.pt/noticias/285
Estandarte regimental do Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro.
Em seda bipartido verticalmente em duas cores, verde escuro e escarlate. Ao centro a esfera armilar, rodeada por duas vergônteas de loureiro cujas hastes se cruzam, ligadas por um laço branco, no qual se increve a legenda imortal do verso camoneano: "Esta é a ditosa Pátria minha amada".
Listel branco com as letras a negro com o nome da unidade: "Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro".
No cimo encontra-se a inscrição "Grande Guerra - França".
Apresenta ainda no topo da lança os laços da condecoração de Comendador da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, que lhe foi atribuida em 1920.
(Museu Militar de Lisboa - MML06353 - peça em exposição temporária alusiva ao BSCF).